Saudações coloradas muito sofridas.
Ainda ressentido da derrota para o Santos mas acreditando que tudo isso faça parte de um plano maior.
fotinho para relaxar
Learning to fly
- Aqui está o quadro que você tinha visto ontem.
- Interessante. Não, não precisa me entregar, me acompanhe, por favor.
- Está vazio aqui hoje, não?
- Pois é, hoje não abrimos o centro para visitas.
- Se você quiser, posso voltar outro dia, não tenho pressa, não quero incomodar.
- Não é incomodo, já estamos chegando, veja, lá estão eles.
- Quanta gente, achei que o centro estava fechado.
- Aqueles são os outros médiuns, eles querem dar uma olhada nesse quadro também.
- Mas tantos?
- Sim, eles não tem nada para fazer hoje, então resolveram participar. Não, não me entregue o quadro, por favor! Traga junto, sim, pode entrar e coloque-o naquela mesa no meio da sala.
- Bom dia, senhores!
- ....
- Por favor, agora me acompanhe até a porta.
- Não posso ficar aqui dentro?
- DEUS, NÃO! Desculpa, não pode ficar enquanto os médiuns estão olhando o quadro.- Mas já não estão vendo? Ué? Porque ninguém está chegando perto do quadro?Ninguém sequer olha para ele!
- Já vão olhar, só estão... pensando.
- Pensando? Porque alguns estão tremendo e gemendo?
- Ah, eles são assim mesmo, não tem porque se preocupar.
- Mas fui eu que pintei!!! Claro que tenho que me preocupar!
- Calma, Dona Maria. Não há nada para se preocupar. Acompanhe-me rápido, por favor.
- Eles estão gritando já!
- Rápido, Dona Maria, rápido!
- Não precisa empurrar, estou saindo.
- Pode me aguardar nesta cadeira, talvez demore um pouquinho.
- ...
- ...
-- Gritos
-- Batidas
- Está tudo bem aí dentro?
-- Gemidos
-- Correria
-- Vidros quebrados
-- Mais gritos
- ESTÁ TUDO BEM AÍ DENTRO??
-- Mais gemidos
-- Moveis arrastando
-- Vento
-- Silêncio
- ...
- Dona Maria, a senhora já pode pegar o quadro
- Que aconteceu lá dentro? Que gritaria foi aquela?
- Gritaria? Não foi nada – esboçando um sorriso – Médiuns são espalhafatosos, você sabe.
- Mas você está encharcado de suor!
- Eu? Não... Alguém derramou um pouco de água lá.
- Um pouco?
- Isso, agora a senhora pode levar o quadro embora, por favor.
- Mas o que tinha nele?
- Nada.
- Como assim?
- Nada, agora a senhora pode levá-lo?
- Mas porque a gritaria?
- Nada Não, boa tarde!
- Não precisa empurrar, já estou saindo.
- Boa tarde!
- Espera, não vai me contar nada??
- Boa tarde!
- Ei não fecha a porta assim na minha cara! Me conta o que aconteceu!!
- Boa tarde, até logo.
DA ARTE DO ARQUEIRO ZEN À MESA DE SINUCA
Possível conversa ao pé da mesa de sinuca, onde o narrador tem a chance de
vencer o jogo utilizando artifício legal mas considerado vil nos locais onde
o dito jogo é praticado, na qual os contendores divagam a respeito de ética.
- Em nossa vida temos uma série de objetivos que nos regem e nos guiam: casar, filhos, viagens, prazer, festas, ideais, mas com o passar dos anos o que nos resta? Começamos a entender o que movimenta esses valores, dinheiro é claro. Seguindo essa reflexão concluímos que um objetivo anterior é conseguir fundos para satisfazer nossas necessidades pessoais que chamamos objetivos. Trabalho, profissão, ética, lealdade, mega sena, questões comuns em nossos dias, diretamente ligadas a tão procurada ‘solução de nossos problemas’.
- Joga de uma vez.
- Calma. Costumo perguntar, àqueles que não estão doentes, se os problemas que dizem possuir não seriam resolvidos com uma bolada (sem trocadilhos, odeio trocadilhos). Após aqueles instantes de inquietação, entre o amor por quem lhes abandonou por um ‘personal trainner’ e ter feito comunicação ao invés de medicina por aquela ser mais fácil, a resposta vem tímida, “é né, até que seriam...” Então, se tudo pode ser descartado assim tão fácil, porque não empurrar a bailarina concorrente da escada ou chutar o fio do computador do colega ou derramar café sobre a máquina fotográfica do melhor fotógrafo do jornal? Não estamos partindo da mesma lógica? Se após poucos instantes elocubrando descartamos a quem amávamos perdidamente momentos atrás, o que diríamos de meros colegas de profissão (termo politicamente correto para adversário, não na questão esportiva, pois essa trás implícita um vago conceito de regulamento, mas no sentido mais secular, citado por Sun Tsu na arte da guerra, o de inimigo, oponente, concorrente, antagonista, contendor).
- Muito interessante, mas você poderia fazer o obséquio de bater na bolinha branca com o taco que está na sua mão jogando-a de encontro as outras bolinhas coloridas e calar a boca?
- Calma, preciso concluir meu raciocínio. Seguindo então. Chegamos em um ponto interessante, tendo como objetivo fundamental alcançar objetivos próprios, podemos até mesmo aceitar que, pessoas em posições hierarquicamente superiores, o diretor do jornal por exemplo, possam nos ditar regras e, que apesar dessas irem de encontro ao que chamamos justo, sigamos essas regras em prol de um bem maior, o nosso próprio.
- Tu vai me esnucá!! Esse papo é prá me esnucá!!!
- Não te precipita Bituca.
- Então joga porra.
- Já vai, já vai, deixa eu concluir. Já falei do arqueiro Zen? Não precisa sentar, calma, é rapidinho... O arqueiro Zen não errava o alvo nunca sabe por quê? Porque tudo era o alvo, só o que lhe importava era aquele simples ponto, centro do seu universo naquele instante, era só o que via e o que lhe interessava, o objetivo! Todo o resto era um simples simulacro da realidade, meros peões na sua percepção.
- Agora tenho certeza que tu vai me esnucá...
- Só estou tentando manter uma conversa coerente e sem maiores intenções..
- Então joga...
- Calma.
- Viu só?
- Já vou acabar, onde eu estava?
- Simulacro..
- Ah, sim! Portanto, se meu fim for justo, isto é, levar aos meus próprios objetivos, não preciso me culpar por tomar as atitudes que eu acho corretas, mesmo que, em outras circunstâncias menos favoráveis eu me colocasse em uma posição diametralmente oposta.
- Sei...Joga.
- Já que você falou em sinuca...
- Sabia que ia me esnucá.
- Que você faria se lhe pedissem para falar bem do FH?
- Que isso tem a ver...ah, mandava tomar no cu.
- E se essa pessoa fosse teu chefe, diretor da empresa onde tu trabalhas?
-... Mandava tomar no cu...
- É eu também..., tá sua vez, joga...
- Ué, tu não ia me esnucá? Prá que todo esse discurso então?
- Sei lá....
bah...
Outra idéia bacana é do curso de criação de personagem do Leghau -Z Qarvalho, escritor meio doido e prafrentex, segundo algumas alunas. Tem até aula "de gratis" dia 12. Mas tem que fazer a inscrição aqui.
Agora a foto do dia, sem nome hoje.
por agora era isso :)